PAGU E OS QUADRINHOS

PAGU E OS QUADRINHOS

Trabalho apresentado pela professoras mestra Natania A. Silva Nogueira, durante o XXIX Simpósio Nacional de História da ANPUH (Associação Nacional de História), realizado entre os dias 25 e 28 de julho na UnB, Brasília (DF). Leia o resumo.

Pagu. política e pioneirismo nas Histórias em Quadrinhos nos anos de 1930

A História das Mulheres no Brasil é um campo que tem conhecido grandes avanços nas últimas décadas. As mulheres vêm aos poucos conquistando espaço nos livros de História e até nos livros didáticos, abandonando gradativamente o silêncio e a invisibilidade aos quais foram, por muito tempo, relegadas. Esta história, como muitas outras, está sendo construída a partir do uso das mais diversas fontes, dentre elas publicações realizadas na imprensa periódica. 

Dentro fontes estão as Histórias em Quadrinhos (HQs). A trajetória das Histórias dos Quadrinhos no Brasil remonta a meados do século XIX e ainda é um campo pouco inexplorado, mas cuja produção tem aumentado muito nos últimos anos. Este dado se confirma a partir do surgimento de associações, grupos de pesquisa, eventos nacionais e internacionais periódicos ligados aos estudos dos quadrinhos, no meio acadêmico. 

A história da participação das mulheres neste campo das artes visuais e da comunicação é uma das áreas que tem recebido atenção especial. Estão sendo redescobertas obras e suas autoras. É o caso de Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), a primeira mulher presa política do Brasil, em 1931, ao apoiar uma greve durante o governo de Getúlio Vargas. Naquele mesmo ano publicou uma série de tiras no jornal “O Homem do Povo”, fundado por ela e pelo escritor Oswald de Andrade. 

Participou ativamente do periódico e nele criou aquela que pode ser considerada uma das primeiras Histórias em Quadrinhos produzidas por uma mulher no Brasil, Malakabeça, Fanika e Kbelluda. Em seus quadrinhos ela representa mulheres como ela, fora dos padrões.  Numa das primeiras tiras, por exemplo, ela funda junto com o tio, um jornal voltado para o povo, que fecha logo em seguida. Em outra, faz discurso em um comício comunista e é presa e fuzilada pela polícia. Este material contém representações da mulher revolucionária dos anos de 1930, tendo como base a própria vivência da autora. 

Pretende-se analisar o pioneirismo de Pagu nas artes gráficas a partir das tiras publicadas em “O Homem do Povo”, sua militância política e sua história de vida. Ao mesmo tempo buscar nos anos de 1930 as diversas representações da mulher brasileira, que dialogam ou não com o discurso presente na obra escrita de desenhada de Patrícia Galvão.

O texto completo está disponibilizado nos anais do evento e pode ser lido clicando aqui!