Cinco HQs & Uns Livros: Dicas de Leitura para Março de 2024

Cinco HQs & Uns Livros: Dicas de Leitura para Março de 2024


Caros Aspianos e demais público do blog da ASPAS, chegou a hora das indicações de leituras para o mês de março de 2024, feitas por Guilherme Smee.

5 HQs


GO GO POWER RANGERS, DE RYAN PARROT E DAN MORA

Eu fui um grande fã de Power Rangers antes de conhecer os X-Men e ser totalmente fisgado pelo universo dos super-heróis. Então fui conferir a elogiada fase de Ryan Parrot e Dan Mora na equipe de defensores da Alameda dos Anjos que agora está sendo publicada pela IndieVisível Press. Realmente o quadrinho não decepciona e tem um nível mais alto que a maioria dos gibis atuais da Marvel e DC Comics. Isso porque ele foca no relacionamento entre Jason, Billy, Zack, Kimberly e Trini mais do que nas lutas com os bonecos de massa ou com as titânicas lutas entre kaijus e megazords. Parece que somos amigos desses personagens faz tempo. Ou melhor, que estamos resgatando uma amizade de anos e que temos muito assunto a colocar em dia. Não é de se estranhar que Dan Mora se tornou um dos mais celebrados desenhistas da atualidade a partir de seu trabalho aqui em Go Go Power Rangers, porque é um deleite acompanhar sua arte e narrativa. Assim como me empolguei neste primeiro volume, estou ansioso para curtir mais um volume desta série com o que Parrot preparou para a dinâmica da equipe e para as artimanhas de Rita Repulsa para destruir a Terra.



HERA VENENOSA, VOL. 2, DE G. WILLOW WILSON, MARCIO TAKARA, ATAGUN ILHAN E ALIF PRIANTO
Depois de ter arrebatado os leitores com uma retratação radical, porém heroica da ecoterrorista Hera Venenosa, G. Willow Wilson continua mantendo as expectativas sobre o título em um nível bastante alto. Na trama, continuamos acompanhando Hera, Pamela Isley, a combater os esporos de fungos que dominam seu corpo. Primeiro quando ela derruba uma empresa de agrotóxicos no centro dos Estados Unidos e salva uma moça com câncer. Depois de a moça se submeter ao tratamento, Hera se encontra com Arlequina, sua namorada. Mas em seguida, após Quina se retirar, Pamela e a moça que salvou vão a um retiro gratiluz. Mas lá acabam enredadas em um problema. Acabam intoxicadas com os fungos presentes no corpo de Hera e começam a ficar eufóricas e a alucinar. Hera sofre uma mutação e só consegue se recuperar com a ajuda de Arlequina, que a convida para retornar ao local que sempre pertenceu: Gotham City. Assim se encerra esse encadernado, com a barra lá no alto, uma trama muito imersiva e ótima de se acompanhar. Ansioso para o próximo volume!




ALL YOU NEED IS ROBOT, DE LUAN ZUCHI
O incansável Luan Zuchi fez de novo! Mais um quadrinho em tempo recorde! Tudo bem que não foi nas 24 horas que ele desejava, mas o resultado ficou incrível. Tenho acompanhado o Luan desde seu primeiro quadrinho, Comandante Key, e já colaborei com ele em algumas produções. O Luan não é só incansável nas produções, mas na evolução, cada quadrinho dele supera o anterior. Isso que dizer que este, o mais recente, é o melhor dos que ele já fez. Isso pode ser verificado no seu traço, que está mais solto, menos quadrado, e a aposta numa paleta de cores reduzida combinou muito com o novo estilo, dando o ar perfeito para uma história de ficção científica anti-tecnológica. Fico muito feliz em ver o empenho do Luanzito em sempre melhorar, sempre se desafiar e apresentar diferentes abordagens do seu trabalho. All You Need is Robot renderia um trabalho mais expandido, mais lento na narrativa, ou seja, esse universo e o caminho escolhido poderiam abrir espaço para outras produções, quem sabe com mais páginas. De toda forma, como um laboratório de narrativa, estilo e velocidade, essa publicação cumpre seu papel.




MUNDO DO CRIME, DE JIM ZUB, RAY FAWKES, JETHRO MORALES, FARID KARAMI, CARLOS NIETO, LUCA PIZZARI, NETHO DIAZ E LORENZO TAMMETTA Gosto dessas edições que são de enganar bobo na hora de vender, mas que acabam se revelando melhores que a média dos próprios motes usados para vender. Explico. Este "crossover" chamado Murderworld lá fora foi vendido como se diversos heróis estivessem presos no Mundo do Crime de Arcade. São quatro especiais. Um dos Vingadores, outro do Aranha, outro de Wolverine, um do Cavaleiro da Lua. E então um especial de encerramento. Mas na verdade quem são os protagonistas são as pessoas "comuns" que estão enfrentando os perigos do Mundo do Crime porque fizeram um acordo com Arcade e somente os "mais aptos" sobreviverão e somente um ganhará a bolada prometida por Arcade. Mas alguém quer impedir isso tudo e será Natasha Romanoff, a Viúva Negra que foi manipulada e maltratada por Arcade em sua série solo. Realmente Mundo do Crime, ou Murderworld me surpreendeu mais positivamente do que eu esperava.




OS EMBAIXADORES, DE MARK MILLAR, TRAVIS CHAREST, MATTEO BUFFAGNI, FRANK QUITELY, OLIVIER COIPEL, MATTEO SCALERA E KARL KERSCHL
É difícil atualmente uma história em quadrinhos de Mark Millar cair no meu gosto. Mas achei a proposta desta HQ interessante e fui conferir. Pessoas de diversos países do mundo, inclusive o Brasil são escolhidas por uma cientista milionária sulcoreana para formarem um esquadrão de super-heróis mundial. Elas podem acessar até três poderes ao mesmo tempo, contanto que nenhum de seus colegas os esteja usando. Cada parte deste encadernado enfoca um país: Coreia do Sul, Índia, França, Brasil, Austrália e México. Paralelo a isso, o ex-marido ambicioso da Codinome Coréia está reunindo bilionários mundiais e distribuindo poderes a quem pagar mais. Isso gera um conflito entre as duas facções de poderosos, que poderá ser parada com um elemento que estava adormecido, mas tão poderoso quanto qualquer um outro desses seres poderosos. Os desenhos de cada edição são feitos por desenhistas diferentes, também de diversas nacionalidades. Destaque para a arte de Travis Charest que estava afastado do quadrinhos fazia alguns anos.

UNS LIVROS




CARICATURA: A IMAGEM GRÁFICA DO HUMOR, DE JOAQUIM DA FONSECA
Peguei este livro emprestado com o meu tio. Nunca tinha lido, mas sei que é um livro seminal das pesquisas de quadrinhos, principalmente que serve para desambiguação do que é caricatura, cartum, charge, tirinha, história em quadrinhos, etc. Porque nem tudo é a mesma coisa. Mais do que isso, Joaquim da Fonseca apresenta neste livro toda uma tradição de cartunistas de diversos tempos e lugares desde que a caricatura se tornou popular, muito antes da forma moderna das histórias em quadrinhos surgir no mundo. Mas lá pelas tantas, trazendo todos esses artistas de todo o mundo e de várias temporalidades até mesmo o autor se confunde com quem é "apenas" quadrinista e não tem muito a ver com a caricatura. Ou ainda outros tipos de artes gráficas do humor, como ele define no subtítulo. A minha parte favorita do livro é quando Joaquim da Fonseca elenca os grandes quadrinistas brasileiros (é, nem todos eles eram caricaturistas) porque são poucos os livros que trazem um trabalho de pesquisa tão esmerado e inclusivo. Claro, este livro é dos anos 1990, muito antes do digital, e muita coisa mudou desde então e muita gente surgiu nesse cenário. Mas agora eu entendo como tantos usam esse livro como referência e também o reverenciam.

Até o próximo mês!

=)